A ação judicial movida pelo SEC é civil e visa impedir que a
companhia recrute mais investidores, devolva os lucros indevidos e pague
multas
Enquanto agentes federais vasculhavam a sede da TelexFree em
Marlborough (MA) essa semana, o gerente financeiro da empresa tentou
fugir com um laptop e uma bolsa contendo dinheiro e cheques totalizando
quase US$ 38 milhões, segundo documentos apresentados na Corte
divulgados na quinta-feira (17). A Comissão de Câmbio e Segurança (SEC)
divulgou que havia congelado os bens da TelexFree e de 8 diretores
principais e associados, sob a alegação que a empresa administrava um
“esquema ilegal de pirâmide” que recrutava vítimas por todo o mundo,
publicou o The Boston Globe.
Os reguladores informaram que a companhia e seus administradores
levantaram US$ 300 milhões focalizando em clientes brasileiros e
dominicanos em Massachusetts e outros 20 estados.
“Os suspeitos continuavam a recrutar novos investidores todos os
dias, mas é claro que a pirâmide desmoronou”, alegou o SEC em sua ação
judicial.
O SEC descobriu que a TelexFree acumulava somente US$ 1.3 milhão
anualmente pelos serviços telefônicos via internet, uma fração dos US$
1.1 bilhão que, supostamente, prometia aos investidores, que eram
informados que receberiam lucros generosos se eles publicassem anúncios
online sobre o serviço.
“A TelexFree tem sido uma máquina de fazer dinheiro para os
suspeitos”, informou o SEC em sua ação judicial. Desde meados de
novembro, o histórico financeiro da empresa revelou que eles
transferiram US$ 30 milhões para seus administradores ou companhias
afiliadas, segundo o órgão federal. Milhões de dólares em dinheiro dos
clientes estão atualmente sem destino, conforme o SEC.
A ação judicial movida pelo SEC alega que o grupo detrás da TelexFree
inclui o ex-presidente da companhia, que administrava uma empresa de
limpeza em sua própria residência em Ashland (MA) e um escritório de
notário público na Indiana.
Na segunda-feira (14), a TelexFree solicitou concordata na Corte
Federal no distrito de Nevada. O FBI e agentes do Departamento de
Segurança Interna (DHS) vasculharam o escritório da empresa no dia
seguinte. Durante a busca das autoridades, o gerente financeiro, Joseph
H. Craft, foi parado pelo xerife interino quando tentava fugir. Ele
disse ao xerife que era apenas um consultor, ajudando a TelexFree a
preparar os documentos para a concordata, segundo documentos do SEC
apresentados na Corte.
O SEC descobriu que os executivos da companhia vinham tentando
transferir milhões de dólares da TelexFree para eles mesmos ou outras
empresas nas últimas semanas. O órgão federal recebeu aprovação judicial
para congelar os bens da companhia na quarta-feira (16).
Os cheques confiscados durante a batida policial estavam em nome de
vários administradores da TelexFree e empresas coligadas, segundo
documentos do SEC. Cinco deles estava em nome da TelexFree LLC., em
Nevada, totalizando US$ 25.5 milhões e um no valor de US$ 2 milhões, em
nome de Kátia B. Wanzeler, que supostamente é a esposa do coproprietário
Carlos N. Wanzeler, residente em Northborough. Um cheque no valor de
US$ 10.4 milhões foi feito em nome da TelexFree Dominicana, segundo
documentos apresentados na Corte.
Na quarta-feira (16), um dia depois que as autoridades vasculharam o
escritório em Marlborough, o coproprietário James M. Merrill apresentou
uma ordem junto à sua empresa de investimentos para vender US$ 1.2
milhão de suas ações, descobriu um advogado da SEC, conforme documentos.
O capital da TelexFree vem enfrentando dificuldades há vários meses.
Em junho, as operações da empresa no Brasil foram suspensas por ordem
judicial que considerou suas operações uma fraude; investigações
decorrentes da suspeita de lavagem de dinheiro e outros delitos estão
sendo realizadas em vários países. Ainda assim, milhares de pessoas nos
Estados Unidos continuaram a participar na empresa, muitos deles membros
da comunidade brasileira. Os participantes investiam entre US$ 289 a
US$ 1.375 e eram instruídos a entrarem online todos os dias para
aprovarem 1 ou 5 anúncios na internet e receberem lucros anuais de até
250%.
Em março, as finanças da TelexFree começaram a desmoronar, segundo
reguladores e, ainda assim, a empresa continuava a pressionar os
investidores a injetarem mais dinheiro.
“Mesmo depois que o SEC e outros reguladores suspeitaram que tais
programas eram fraude, os promotores da TelexFree continuaram a vender a
promessa de dinheiro fácil”, disse Paul G. Levenson, diretor do
escritório regional do SEC em Boston (MA), através de um comunicado na
quinta-feira (17).
A ação judicial do SEC inclui o nome dos proprietários Merrill, de 52
anos, e Wanzeler, de 45 anos, assim como Sanderley Rodrigues de
Vasconcelos, um promotor popularmente conhecido como Sann Rodrigues, de
42 anos, e vivia em Revere. O SEC informou que ele agora reside em
Davenport (FL). Ele foi previamente acusado por reguladores federais em
2006 por fraudar imigrantes brasileiros na região de Framingham através
de um serviço de cartões telefônicos pré-pagos chamado FoneClub, segundo
o The Globe.
Também incluídos na ação judicial estão 4 dos principais promotores
da empresa: Steven M. Labriola, de 53 anos, residente em Northbridge,
Santiago De La Rosa, de 42 anos, morador em Lynn, Randy N. Crosby, de 51
anos, residente em Alpharetta (GA), e Faith R. Sloan, de 51 anos,
morador em Chicago (Ill.). Craft, de 50 anos, um contador que atuava
como gerente financeiro segundo a ação judicial do SEC, reside em
Boonville (Ind.).
A ação movida pelo SEC é civil e visa evitar que a companhia recrute
mais investidores, devolva os lucros indevidos e pague multas.
O Secretário de Estado William F. Galvin processou a empresa na
terça-feira (15), alegando que a firma fraudou residentes em
Massachusetts em US$ 90 milhões. A suposta fraude parece ser global, com
milhares de clientes no Brasil, Espanha e África afetados.
Outras três empresas também foram incluídas na ação judicial
apresentada pelo SEC: TelexFree Financial Inc., TelexElectric e Telex
Mobile Holdings Inc.
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